22 de abril marca mobilização na UNEMAT: ADUNEMAT cobra concurso após 12 anos de espera


Na contramão da valorização do ensino superior público, o estado de Mato Grosso completa mais de uma década sem realizar concurso público para docentes da UNEMAT — a única universidade estadual em funcionamento. O descaso tornou-se insustentável: hoje, quase metade do corpo docente da instituição é composto por professores temporários, em uma condição de trabalho sem garantia de continuidade.
Foi nesse cenário que a terça-feira, 22 de abril, tornou-se um marco: o Dia de Mobilização na UNEMAT pelo Concurso Público, puxado pela Associação dos Docentes da UNEMAT (ADUNEMAT), tomou os campi da universidade com panfletagens, conversa e um intenso diálogo com a comunidade acadêmica.
A ação, aprovada em Assembleia Geral da categoria, não surgiu do nada. Desde 2018, a ADUNEMAT pressiona o Executivo estadual, participa de audiências públicas, dialoga com deputados e protocola pedidos oficiais exigindo a abertura de concurso. Agora, com o orçamento aprovado na LDO de 2025 prevendo recursos para concurso, a categoria exige apenas o que é de direito: a efetivação do concurso ainda neste ano.
“Já são 12 anos sem concurso na UNEMAT e o impacto dessa situação é evidente: temos 50% do corpo docente formado por professores substitutos, com todo o prejuízo que isso traz para a universidade — em particular, a precarização da carreira docente e o consequente prejuízo à qualidade do ensino na nossa universidade.” denunciou o professor Domingos Sávio, doutor em História e tesoureiro-geral da ADUNEMAT.
UM CLAMOR COLETIVO NOS CAMPI
Em Cáceres, onde nasceu a universidade, o movimento percorreu cursos de graduação e pós-graduação, com foco nos impactos da ausência de professores efetivos. “Estamos lutando para que o concurso saia ainda em 2025, porque em 2026 a eleição pode esfriar tudo. ”, explicou a professora Luciene Neves, atual presidenta da ADUNEMAT.
Luciene também destacou a adesão estudantil. “A recepção foi ótima. Muitos alunos compreenderam que essa luta não é só dos professores. Eles sabem que um corpo docente instável compromete a qualidade do ensino e da pesquisa.”













Em Diamantino, a mobilização percorreu as turmas da noite com apoio da professora Bruna Freitas. “A reação foi forte. Alunos sugeriram até uma paralisação geral e o uso simbólico de nariz de palhaço para denunciar o descaso do governo com a universidade. Isso mostra o nível de indignação que atravessa a comunidade acadêmica.”

















O mesmo tom foi visto em Nova Xavantina, onde o professor Ary Gertes percorreu salas dos cursos de Agronomia, Engenharia, Turismo e Biologia. “Eles (os alunos) compreendem a necessidade de concursos para efetivar os professores”, reforçou Ary.



Em Tangará da Serra, a professora Ana Andruchak — que também é estudante de Jornalismo — registrou em vídeo o apoio de estudantes à causa ao passar nas salas de aula e nos corredores da universidade. “Mais de 50% dos professores da Unemat contratados. Precisamos de concurso já”, reforçou.
UM GRITO QUE ECOA
Mais do que uma pauta da categoria, a mobilização pela realização de concurso público na UNEMAT é um chamado coletivo para a luta pela efetivação do concurso e o fortalecimento da universidade pública. A Unemat atende mais de 23 mil alunos em todo o estado, sendo muitas vezes a única referência de ensino superior público em regiões afastadas dos grandes centros. O desmonte silencioso precisa ser revertido com com a realização de concurso para professores. A ADUNEMAT anunciou que novas ações estão por vir, entre mobilizações e diálogo, dentro e fora da universidade.
Por Redação – ADUNEMAT