Em Cuiabá, mobilização convocada pela ADUNEMAT cobra concurso público para docentes da UNEMAT


Docentes e estudantes da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) protagonizaram, na quarta-feira (11/05), uma importante mobilização em Cuiabá pela realização de concurso público para professores e professoras efetivos da universidade. Organizado pela Associação dos Docentes da Unemat (ADUNEMAT), o ato reuniu representantes de diversos campi — como Cáceres, Sinop, Barra do Bugres e Diamantino — que se deslocaram até a capital para pressionar o governo estadual. Estudantes da Unemat, integrantes do DCE Jane Vanini e da UEE-MT também participaram da mobilização.
A UNEMAT está há mais de 13 anos sem realizar concurso público para o seu quadro docente. Como consequência, cerca de 50% das professoras e dos professores hoje são contratados temporariamente, em vínculos que não oferecem a estabilidade aos trabalhadores e colocam em risco a qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão.





A mobilização teve início pela manhã, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), onde docentes apresentaram a pauta diretamente aos parlamentares e ao governador em exercício, Otaviano Pivetta (Republicanos). Em um breve diálogo no Salão Negro da ALMT, o professor da Unemat e tesoureiro-geral da ADUNEMAT, Domingos Sávio, entregou pessoalmente o material da campanha e expôs a urgência da realização do concurso público. Parlamentares de diversas bancadas também receberam o panfleto da mobilização e ouviram os argumentos da categoria.












À tarde, a delegação se dirigiu ao Palácio Paiaguás, à Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) e à Casa Civil. A expectativa era estabelecer diálogo com o governo — o que não se concretizou. Nenhuma autoridade recebeu formalmente a representação da categoria.



A mobilização foi aprovada em Assembleia Geral da Adunemat, diante do agravamento da crise. “Essa situação precariza não só as condições de trabalho, mas o próprio projeto de universidade pública que defendemos”, afirmou Luciene Neves, presidenta da Adunemat.
Em Diamantino, a realidade é alarmante. “O curso de Educação Física, por exemplo, está sem professores suficientes para manter a regularidade das aulas. Os poucos docentes que permanecem estão com funções administrativas ou afastados para qualificação”, denuncia a coordenadora do curso, professora Bruna Freitas, secretária-geral da ADUNEMAT.

O professor contratado Alex da Silva, do Campus de Cáceres, que participou da mobilização em Cuiabá, destacou as limitações impostas pelo vínculo precário. “Sou contratado apenas para ministrar aulas. Não posso atuar em pesquisa nem em extensão. Nosso contrato é restrito e não garante as condições necessárias para desenvolver plenamente o trabalho docente”, afirmou. Ele ainda incentivou que os docentes contratados se engajem na mobilização por concurso público.

Assim como ele, a professora e vice-presidenta da ADUNEMAT, Thielide Pavanelli, também reforçou, durante a atividade, a importância da mobilização coletiva. “Que todos os campi, todos os professores e professoras efetivos, assim como eu, se organizem para apoiar essa luta, porque todos os campi precisam urgentemente de docentes efetivos”, declarou.

A denúncia da precarização não veio apenas dos docentes. A estudante de Direito da Unemat, Giovana, também deu seu recado: “Essa quantidade de professores contratados afeta diretamente a qualidade do nosso ensino, da pesquisa e da extensão”, afirmou.

A Adunemat tem acompanhado de perto o debate orçamentário no Estado, marcando presença nas audiências da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA). A boa notícia é que, em 2024, os recursos necessários para a realização do concurso foram aprovados na LDO de 2025, o que derruba qualquer argumento técnico ou fiscal e deixa a decisão inteiramente no campo da política.
Para o movimento docente, não há mais desculpas. O governo precisa cumprir seu dever com a educação pública superior em Mato Grosso. A luta por concurso público na UNEMAT não é apenas uma reivindicação trabalhista, mas uma defesa concreta do direito da população mato-grossense ao ensino superior gratuito, de qualidade e com profissionais concursados.
ADUNEMAT – SSind.
Fotos: Adunemat-SSind.