ADUNEMAT prestigia Feira Estadual da Reforma Agrária em Cuiabá (MT) e reforça aliança com movimentos sociais na celebração dos 30 anos do MST

A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) se transforma, entre os dias 14 e 16 de agosto, em um grande território de resistência, cultura e mobilização popular. A Feira Estadual da Reforma Agrária, realizada em frente ao Restaurante Universitário, integra a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA) e celebra os 30 anos de luta do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) no estado.

O evento reúne assentados, acampados, estudantes, docentes, artistas e militantes em um espaço de valorização da agricultura familiar, da produção livre de agrotóxicos e da soberania alimentar. A programação – que faz pate da JURA – conta com mesas de debate sobre agroecologia, mudanças climáticas, meio ambiente, análise de conjuntura e a crise do capitalismo, além de apresentações culturais e atividades de extensão.

Nas bancas, a diversidade da produção camponesa salta aos olhos: folhas frescas (alface, rúcula, couve), raízes e tubérculos como cará e mandioca, além de pratos típicos da baixada cuiabana, como ventrecha de pacu e Maria Isabel.

Para Raimundo Fidelis, assentado no Zé da Paz, em Acorizal, que traz mandioca, cuca e outros alimentos produzidos com técnicas agroecológicas, participar da feira “é compartilhar o fruto do nosso trabalho e mostrar que é possível produzir de forma sustentável e digna”.

A feira também é território de cultura e resistência. A indígena Warao Rogelia, de 51 anos, vinda da Venezuela e hoje residente em Cuiabá, apresenta seu artesanato como fonte de renda e afirmação cultural.

Já Vinicius Borges, estudante de Psicologia da UFMT e monitor do projeto Conexões, coordena a banca de saúde, oferecendo gratuitamente terapias alternativas, como bioterapia e Reiki. “É uma oportunidade de levar cuidado e bem-estar à comunidade, fortalecendo os vínculos entre universidade e sociedade”, afirma.

A ADUNEMAT participa ativamente, representada por sua presidenta Luciene Neves, reafirmando o compromisso da categoria com a educação pública, a justiça social e a luta pela terra. “A reforma agrária é uma questão de justiça social para uma população que luta e precisa de terra. Nós, como universidade e como entidade classista, temos o dever de estar sempre junto a movimentos e eventos que fortalecem ações transformadoras. Isso está em consonância com a atuação do nosso sindicato nacional, que defende os movimentos sociais e o MST”, destaca.

Como gesto simbólico, a ADUNEMAT doa quatro exemplares do livro Sociologia do Conhecimento – A Produção Social do Conhecimento em Paulo Freire, do professor e sindicalizado Laudemir Zart, que serão sorteados durante a feira. “A doação reafirma nosso compromisso com a educação crítica e com a valorização da produção intelectual que dialoga com a luta social”, completa Luciene.

A feira também conta com a urna do plebiscito popular contra a escala 6×1, denunciada por impor jornadas exaustivas aos trabalhadores. Stefany Amick e Eduarda Monteiro, responsáveis pela mobilização no local, reforçam: “Precisamos ocupar todos os espaços para que o plebiscito seja de fato popular e acessível”.

Ao completar três décadas de história, o MST em Mato Grosso mostra que sua luta vai além da conquista da terra: é também pela dignidade, pela educação pública e pela transformação social. A presença ativa da ADUNEMAT nesse espaço reforça a aliança histórica entre universidade, classe trabalhadora e movimentos sociais, mantendo viva a chama da resistência e da esperança no campo e na cidade.

Para Devani Oliveira de Araújo, da direção nacional do MST, moradora do assentamento Sílvio Rodrigues, em Mirassol D’Oeste e integrante da organização da feira junto com muitos companheiros e companheiras, é fundamental que a celebração dos 30 anos do movimento aconteça junto com a feira. Segundo ela, “a feira representa o que é o MST: a produção saudável. Não dá para fazer uma festa de 30 anos sem a feira, que simboliza tudo o que o movimento conquistou até hoje — a terra, as produções saudáveis cultivadas pelas famílias. Por isso, em todas as nossas celebrações, a feira está presente, representando todas as conquistas que tivemos ao longo dos anos”.

Assessoria ADUNEMAT
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