Câmara Setorial Temática sobre feminicídio é aprovada na Assembleia e terá vice-presidente da ADUNEMAT como membro

A Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) aprovou nesta quarta-feira (24) a criação de uma Câmara Setorial Temática (CST) dedicada a investigar, de forma científica, as falhas do poder público no enfrentamento à violência contra as mulheres e ao feminicídio. O requerimento foi apresentado pela deputada estadual Edna Sampaio (PT) e recebeu aprovação unânime dos parlamentares presentes.

A CST será composta majoritariamente por mulheres de diferentes áreas – da academia, movimentos sociais, órgãos públicos e entidades representativas – e terá a tarefa de elaborar diagnósticos, relatórios e propostas que apontem caminhos para fortalecer as políticas públicas de proteção à vida das mulheres.

Entre as integrantes confirmadas está a pesquisadora da Educação Matemática da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Thielide Veronica da Silva Pavanelli Troian, vice-presidente da ADUNEMAT Seção Sindical do ANDES-SN e integrante do Coletivo Feminista Sinop Para Elas. Para Thielide, a presença da ADUNEMAT nos debates é fundamental e estratégica:

“Mato Grosso, que é recordista de violência contra as mulheres, precisa que toda sociedade esteja engajada na luta pelo combate à violência. A ADUNEMAT não pode se curvar diante dessa luta, principalmente porque é composta de professoras e professores que lidam diretamente com a formação dos cidadãos que compõem este estado. Nós temos também um papel importante na formação das pessoas e, por isso, precisamos participar dos debates da sociedade, especialmente  que faça o combate do feminicídio”, afirmou.

Ainda segundo ela,  é essencial trazer a discussão para dentro da universidade, envolvendo toda a comunidade acadêmica:

“É importante que estejamos atentos ao que vai acontecer nessa Câmara Setorial e que possamos também trazer esse debate para a universidade. Não só para os professores que representamos, mas para toda a comunidade acadêmica. A violência tem como gênese o machismo estrutural que organiza a nossa sociedade, e precisamos refletir como vivenciamos isso no cotidiano, em todos os espaços da nossa vida. Principalmente na educação, na formação de professores e de profissionais dos nossos bacharelados. É fundamental que a Unemat esteja presente e participando desse debate”, completou.

Os estudos terão como foco o financiamento e a execução orçamentária das políticas de proteção à mulher; a estrutura e funcionamento da Rede de Proteção às Mulheres em Mato Grosso; programas de prevenção e atendimento às vítimas; além da cooperação entre União, Estado e municípios no enfrentamento à violência contra a mulher.

Segundo Edna Sampaio, presidente da CST, o trabalho será feito a partir de pesquisas e levantamentos técnicos que irão embasar relatórios e subsidiar mudanças efetivas:

“Nós esperamos desenhar quais são as omissões e falhas do poder público no enfrentamento à violência contra as mulheres e, para isso, precisamos de um estudo rigoroso, capaz de indicar caminhos concretos”, declarou.

Núcleo Executivo da CST

O núcleo executivo será responsável pela metodologia e elaboração dos relatórios e será formado por seis mulheres:

  • Edna Sampaio (presidente da CST e deputada estadual – PT);
  • Rosana Leite, coordenadora do Núcleo da Defesa da Mulher da Defensoria Pública (vice-presidente);
  • Sheila Klener Jorge de Sousa, suplente de deputada do PSDB (1ª secretária);
  • Karime Oliveira Dogan, presidente da Comissão OAB/Mulher (2ª secretária);
  • Silvana Maria Bittencourt, professora da Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFMT (1ª relatora);
  • Claire Vogel Dutra, promotora e coordenadora do Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica e do Observatório Caliandra (2ª relatora).

Outras integrantes confirmadas

Além do núcleo, integram a comissão mulheres de diferentes setores:

  • Janaina Riva (deputada estadual, MDB);
  • Francielle Claudino Brustolin (procuradora e subprocuradora especial da Mulher da ALMT);
  • Vânia Rosa (vice-prefeita de Cuiabá);
  • Gisela Simona (deputada federal, União Brasil);
  • Rosa Neide Sandes de Almeida (professora, diretora da Conab e presidente licenciada do PT);
  • Neuma de Morais (professora e liderança política de Rondonópolis);
  • Miriam Calazans dos Santos (cientista social, contabilista e presidente estadual do PDT);
  • Tafnys Hadassa da Cunha Ferreira (professora);
  • Tania Paula Silva (professora e coordenadora do NEGRA/Unemat, Cáceres);
  • Thielide Veronica da Silva Pavanelli Troian (Professora e pesquisadora da UNEMAT/ Vice-presidente da ADUNEMAT)
  • Rinalda Bezerra Carlos (pedagoga e diretora de políticas pedagógicas da Unemat de Cáceres);
  • Judá Maali Pinheiro Marcondes (delegada da Delegacia Especializada em Defesa da Mulher de Cuiabá);
  • Carmem Sussel Mariano (psicóloga e pesquisadora);
  • Katiusia Félix da Silva (liderança do movimento hip hop);
  • Cristina Evanilda (liderança comunitária de Várzea Grande);
  • Catarina Lima do Espírito Santo (diretora estadual de gênero do MST).

Para a ADUNEMAT, a participação de sua direção nesse espaço reforça o papel estratégico da universidade e de seus docentes na formulação de políticas públicas e no combate às desigualdades sociais. A luta contra o feminicídio é também uma luta por democracia, por justiça social e pelo direito à vida das mulheres.

Assessoria ADUNEMAT
Imagem de capa: reprodução Folha/Uol