Entidades sindicais se organizam em Mato Grosso para atividades contra a Reforma Administrativa


Agenda inclui mobilizações em Cuiabá e caravana de servidores à Marcha Nacional dos Serviços Públicos, no dia 29, em Brasília
Em um momento decisivo para o país, onde avança no Congresso Nacional a tramitação da Reforma Administrativa (PEC 32/2020), servidoras e servidores de todo o Brasil intensificam a mobilização para barrar a proposta que representa graves ataques aos direitos do funcionalismo e aos serviços públicos.
Em Mato Grosso, na última quarta-feira (08/10), a ADUNEMAT — representada pelo professor Domingos Sávio, tesoureiro-geral da Seção Sindical do ANDES-SN — somou forças em uma importante reunião unificada de entidades sindicais, realizada na sede do SINASEFE-MT, em Cuiabá. O encontro definiu uma agenda de mobilizações e também a participação na Marcha Nacional do Serviço Público, que será realizada no dia 29 de outubro, em Brasília.










A reunião contou com mais de dez representações sindicais das esferas municipal, estadual e federal. As entidades planejam uma série de atividades conjuntas ao longo de outubro, compondo a luta nacional contra a Reforma Administrativa.
Entre os encaminhamentos estão:
- Audiência Pública na Câmara de Vereadores;
- Reunião com Deputados Federais para debater os impactos da reforma;
- Audiência Pública na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) para debater os impactos da Reforma, prevista ainda para este mês, com possibilidade de realização no dia 22/10;
- Panfletagens e ações de diálogo com a população sobre os prejuízos da PEC 32 aos serviços públicos;
- Participação unificada no ato público convocado pelo SINTEP-MT, marcado para o dia 27/10, às 13h30, na Praça Ipiranga, em Cuiabá, levando a pauta Contra a Reforma Administrativa;
- Organização de uma grande caravana a Brasília rumo à Marcha Nacional contra a Reforma Administrativa, no dia 29/10.
Mobilização e reação sindical
Durante o encontro, as falas reforçaram a gravidade dos ataques contidos na PEC e a necessidade de resistência organizada.
“Ela (A PCE) é uma espécie de cavalo de tróia porque está embalado em medidas que são amplamente aprovadas pela população, como é o caso do fim dos privilégios. Quem é contra o fim dos privilégios? Ninguém! O problema é que, embalado nesse discurso, vêm ataques aos direitos que são fundamentais para os serviços públicos, que devem ser de Estado, e não instrumentos de governo”, afirmou Domingos Sávio, tesoureiro-geral da ADUNEMAT.
“Se a gente não fizer nada, eles vão acabar com os serviços públicos no país. Acabam com a estabilidade, privatizam, colocam empresários para fazer serviços terceirizados nos órgãos públicos, e isso para uso político — é a destruição dos serviços públicos. Se a gente ficar calado, sem fazer nada, eles vão passar, vão atropelar”, alertou Robinson Cireia, representante da CUT na reunião. “A gente só conseguiu barrar a PEC da Blindagem porque foi pra rua — e esse é o mesmo caso da Reforma Administrativa”, completou.
Para Silvana Alencar Silva, tesoureira-geral do SINASEFE-MT, o não cumprimento de diversos pontos do Termo de Acordo da última greve está diretamente ligado à PEC 32:
“Parece que o governo está esperando que a Reforma seja aprovada para não cumprir de fato os pontos do Termo de Acordo, tanto dos docentes quanto dos técnicos — principalmente a questão do ponto eletrônico, as 30h para os técnicos e a derrubada dos decretos do ensino médio. São pautas que não demandam orçamento, mas o governo tem deixado de lado. Então, uma luta se articula à outra”, afirmou.
Marcha Nacional do Serviço Público contra a Reforma Administrativa
A ADUNEMAT convoca a categoria de docentes da UNEMAT a participar da caravana rumo a Brasília, que integrará a Marcha Nacional do Serviço Público contra a Reforma Administrativa, no dia 29 de outubro. A saída dos ônibus está prevista para o dia 28/10, com retorno a Cuiabá no dia 30/10. O link de inscrição para os interessados em compor a caravana será divulgado por e-mail aos sindicalizados e nos grupos de WhatsApp da ADUNEMAT.
A Marcha Nacional foi convocada pela CUT, demais centrais sindicais, confederações e federações de trabalhadores, com apoio das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, e promete ser um marco na luta pela valorização do serviço público e contra o desmonte do Estado.
Veja os principais ataques da PEC 32/2020
1. Arrocho Salarial e Restrição Financeira
- Cria um teto de gastos permanente que congela investimentos e reajustes mesmo com aumento da arrecadação;
- Impõe tabela única remuneratória, achatando salários e extinguindo progressões;
- Elimina triênios, anuênios e licenças-prêmio;
- Limita adicionais de insalubridade e periculosidade;
- Converte parte do salário em bônus variável por metas, precarizando a remuneração.
2. Precarização do Vínculo e das Carreiras
- Impede progressão por tempo de serviço;
- Permite contratações temporárias de até 10 anos, fragilizando o vínculo e a estabilidade;
- Cria mecanismos que favorecem terceirizações;
- Transforma o estágio probatório em um processo produtivista e punitivo.
3. Avaliação como Instrumento de Controle e Assédio
- Torna a avaliação de desempenho um instrumento de vigilância e coerção;
- Vincula a progressão e permanência ao cumprimento de metas;
- Fragiliza a autonomia técnica e funcional dos servidores.
Fonte: Assessoria ADUNEMAT com informações da CUT Nacional.






